fev 22, 2024

Nossas Sugestões em Mendoza.

Visitação de vinícolas e gastronomia 

Há três grandes regiões vinícolas a serem visitadas: Maipu, Lujan de Cuyo e Valle de Uco. Na visitação, é bom concentrar o dia na mesma região, o que os guias nem sempre fazem. Saindo do centro da cidade de Mendoza, o caminho é quase sempre pela Ruta 40, em direção ao sul, com os Andes do lado direito. A Ruta 40 corta a Argentina de norte a sul, indo até a Patagonia.

Abaixo, as vinícolas que indicamos com (A) são as que oferecem almoço degustação, sempre harmonizados com o vinho, em geral com bons “chefs”. A lista tem apenas as que já visitamos, lembrando que há ao menos 150 “bodegas” que tem visitação (ou “turismo”, como dizem lá). Com o aumento do fluxo de turistas pós-pandemia, sobretudo do Brasil, é importante definir o roteiro de visitas com antecedência, especialmente em feriados, incluindo também os hotéis.

Mendoza é a capital argentina do Malbec, mas há outras uvas que tem ganhado destaque, em especial a Cabernet Franc, com os mais famosos sendo de Pulenta Estate, Catena Zapata e El Enemigo. E uma uva que está reconquistando espaço é a velha Bonarda, que no passado era associada só a vinhos de mesa, mas que agora está voltando em vinhos de qualidade. A diversificação é crescente, encontrando-se a Pinot Noir, Merlot, Cabernet Sauvignon. Entre os brancos os destaques são a Chardonnay, Sauvignon Blanc e Viognier.

Maipu

É a região mais antiga de produção de vinhos de Mendoza, a cerca de 20 minutos do centro, à esquerda da Ruta 40 em direção ao sul. Têm algumas das maiores e mais tradicionais vinícolas, como Rutini (La Rural), Zuccardi (Santa Julia) (A) e Trapiche (A), não necessariamente as melhores para visitação. Uma muito badalada (e hoje bem turística) é a El Enemigo (A), do enólogo da Catena Zapata (Alejandro Vigil), que foi precursor dos vinhos cabernet franc varietais na Argentina. Vale a pena experimentar o cabernet franc dele, um dos melhores de Mendoza, pedindo a degustação do Gran Enemigo (que recebeu 100 pontos do Robert Parker). Outra opção é a Benegas Lynch, que tem um ótimo Cabernet Franc e um Sangiovese (raridade em Mendoza), e também a Carina E, uma pequena vinícola boutique, de donos francêses. Por fim, uma opção mais exclusiva e com vinhos de uvas não convencionais é a Finca La Cayetana 1865 – Ver Sacrum Wines (A), com um ótimo almoço em uma antiga casa restaurada.

Lujan de Cuyo

É a região que tem as vinícolas mais importantes de Mendoza, a cerca de 30 minutos do centro, entre a Ruta 40 e a cordilheira. Muitas estão concentradas em torno da Ruta 7, que vai em direção ao Aconcágua e Chile (descrito abaixo). São muitas opções e um dia não será suficiente: a icônica Catena Zapata (pioneira em vinhos de alta qualidade), Matervini (do enólogo Santiago Achaval, que vendeu sua antiga bodega Achaval Ferrer), Cobos (que tem o conceituado enólogo americano Paul Hobbs como sócio), Luigi Bosca, Norton, Domínios del Plata (da enóloga Suzana Balbo) (A), Decero (A), Ruca Malen (A), Bodega Séptima (do grupo espanhol Codorníu, lindo projeto da Bormida Y Yanson), Bressia, Pulenta Estate (com um ótimo cab franc), Nieto Senetiner (A), Lagarde (A). Duas novas alternativas são a Durigutti (com vinhos inovadores e uvas menos usuais) e a MAAL, construída com uso de material reciclado e que só produz vinhos Malbec. Todas aqui citadas para almoço são ótimas, a Decero tem uma vista linda dos Andes, já a Lagarde tem mesas sombreadas em um lindo jardim.

Ainda vale citar a Casarena (A) e a Anaia, estas também com linda vista dos Andes e próximas uma da outra. A Anaia, com exuberante arquitetura, foi inaugurada em 2022 com vinhos tintos ainda muito novos, mas com um excelente Viognier e o mais bonito wine bar que já conheci, de frente para a montanha. Próximo a estas há a Ojo de Agua (A), de um proprietário suíço, com um bom menu degustação (em 2022 comemos lá e o chef era brasileiro).

Por fim, vale uma menção à Terrazas de los Andes (A), da Chandon. Bom almoço e ótima loja de vinhos onde pode se comprar o vinho Cheval des Andes, parceria entre a Terrazas e a vinícola francês Cheval Blanc.

Valle de Uco

É a região mais distante do centro de Mendoza e a mais extensa, com muitas vinícolas localizadas em altitudes acima de 1.000m. Muitas das vinícolas mais tradicionais estão lançando vinhos com uvas desta região, está na moda. Fica também ao sul de Mendoza pela Ruta 40 (1h a 1h:30 a depender do lugar). Se divide em três sub-regiões, Tupungato, Tunuyán e San Carlos. São em geral vinícolas mais novas e de arquitetura muito bonita e mais moderna. Destaque para escritórios de arquitetura locais, como o Bormida y Yanson (ByY).

Valle de Uco

Valle de Uco

Parque San Martín

Parque San Martin

Tupungato

É a primeira sub-região do Valle do Uco descendo a ruta 40, cerca de 50 minutos do centro. Destaque à zona de Gualtallary de maior altitude, onde se situa a vinícola Zorzal, dos irmãos Michelini, com vinhos inovadores. Próximo à Zorzal também vale conferir o novo projeto de um dos irmãos e sua esposa, Michelini e Muffato (A), que servem almoço em um belo jardim com vinhos próprios. Outra opção para almoço é a Huentala Wines. Ainda em Gualtallary há a Bemberg Estate, vinícola do mesmo grupo proprietário da Trapiche. E uma excelente dica para comer em Gualtallary é o Ruda Cocina, dentro do condomínio Tupungato Winelands, um excelente menu harmonizado feito por uma jovem chef argentina.

Um pouco mais ao sul há várias outras ótimas vinícolas: a Andeluna (A), Domaine Bousquet, (A), esta com linda vista dos Andes e vinhos orgânicos. Outra alternativa é a Atamisque (A), que tem também pousada, com almoço no jardim e vinícola feita em estilo francês antigo, com telhas de pedra.

Tunuyán

Fica na sequência de Tupungato e tem uma das mais bonitas vinícolas de Mendoza, a Salentein (com pousada), feita pela ByY. Próxima à ela há a La Azul (A), com um restaurante excelente, que às vezes serve javali caçado na montanha, com vista da cordilheira (também tem pousada). Próximo a ela há a Casa Petrini (A), também com restaurante agradável e pousada. E a Sophenia, também nas imediações.

Entre os melhores programas do Valle de Uco há a visitação no Clos de los Siete, projeto do famoso enólogo francês Michel Rolland. Reune 5 vinícolas em uma só propriedade, todas de francêses. Dá para visitar lá a Monteviejo (A), uma das mais lindas de Mendoza, com pés de uva que sobem pelo prédio inclinado da vinícola e vista espetacular no almoço; a Diamandes (A), também muito moderna e feita pela ByY; a Cuvelier de Los Andes (vinhos excelentes) e a Michel Rolland. Nos vinhos, destaque também para Monteviejo, cujo enólogo (Marcelo Pelleriti) teve um vinho feito na França que também obteve 100 pontos do Robert Parker. A quinta vinícola, Flecha de los Andes, da família Rotschild, não tem “turismo”.

Visitar o The Vines of Mendoza (onde temos nossa propriedade) também é muito legal, especialmente para almoçar no restaurante Siete Fuegos, de Francis Mallman, um dos maiores nomes da culinária Argentina, com uma espetacular vista dos Andes. Há um dos melhores resorts de Mendoza, o The Vines Resort & Spa, também com arquitetura da ByY, que frequentemente entra em listas dos melhores resorts da América Latina (acredite, não há nada semelhante no Brasil, que nunca aparece nesse tipo de lista). 

 Na propriedade do The Vines há ainda cinco outras adegas boutique: Gimenez Riili (A) (um ótimo cabernet franc), Corazón del Sol (de um produtor americando do Napa que faz um vinho GSM, com as uvas Grenache, Syrah e Mouvedre), Solo Contigo (proprietários canadendes), a SuperUco (A) (esta orgânica, de propriedade dos irmãos Michelini, donos da vinícola Zorzal) e La Vigilia (A), com lindo restaurante de frente aos Andes.

Ao lado do The Vines está a Piedra Negra, uma das mais antigas vinícolas do Valle de Uco, do enólogo francês Francois Lurton, que tem um Pinot Gris rosé, muito interessante (a uva Pinot Gris, ou pinot grigio, é quase sempre usada em vinhos brancos, mas a uva é rosada). Em 2020, teve um vinho no Top 10 (8º lugar) na Wine Spectator. Um pouco adiante há a Bodega Bianchi, com um Chardonnay barricado muito gostoso.

Outra adega interessante, literalmente de garagem (no fundo da casa) é a Laureano Gomez (ex-enólogo da Salentein), com um ótimo Pinot Noir. Outra em estilo parecido é a família Zaina, acolhida bem informal, com rótulos dos vinhos com nomes das cartas de tarô.

San Carlos 

Na última sub-região do Valle de Uco o destaque fica para a Piedra Infinita (A), da família Zuccardi, com um almoço excelente e linda vista dos Andes. Foi eleita por três vezes consecutivas a melhor vinícola do mundo (ver World´s Best Vineyards, que avalia vinho, restaurante, beleza da vinícola e do local), um passeio imperdível. Próxima a ela também vale conhecer a Alpha Crux (A) (antiga O Fournier), de arquitetura B&Y, com um excelente restaurante e também vista da montanha. Por fim, uma das mais antigas vinícolas da região é a La Celia, atendimento mais informal.

Vôos

Após a pandemia houve a volta dos voos diretos entre São Paulo e Mendoza oferecidos pela Gol e Latam, com mais dias da semana sendo oferecidos. Em 2023, a Aerolineas Argentinas também iniciou voos diretos para Mendoza partindo de São Paulo e também do Rio de Janeiro, duas vezes por semana. No caso de indisponibilidade, as opções de conexão são via Buenos Aires e Santiago. No caso de Buenos Aires, convém procurar voos que cheguem no Aeroparque (e não Ezeiza), de onde partem os voos para Mendoza.

Hotéis

A disponibilidade de hotéis é muito ampla tanto na Cidade de Mendoza como mais próximo das regiões vinícolas, como no Valle de Uco, mais distante do centro. No centro, as melhores opções são o tradicional Park Hyatt, com cassino, e o Diplomatic Hotel. Há diversas vinícolas com pousadas, como descrito abaixo. E também há opções interessantes para aluguel no AirBnb, desde apartamentos na região central até casas de campo, com piscina, nas regiões vinícolas, alternativa interessante no verão que é muito quente e seco.

Para quem quer literalmente estar hospedado em um hotel boutique ao lado de vinhedos, algumas boas opções são o Cavas Wine Lodge e o Entre Cielos Wine Hotel Spa, ambos em Luján de Cuyo. No Valle de Uco, há o Casa de Uco e o The Vines Hotel & Spa, descrito abaixo.

Restaurantes

Normalmente acabamos fazendo mais almoços nas próprias vinícolas, já que há excelentes opções com o cardápio harmonizado. Em Mendoza, vale conhecer o primeiro restaurante de Francis Mallmann, o 1884, em uma casa antiga. Em feriados costuma ficar muito cheio e há quem reclame do serviço. Há também um bem central, bem gostoso, o Azafrán. Há também alguns bem tradicionais como o La Marchigiana (italiano) e o La Barra (carnes). Uma nova opção é o Centauro, culinária mais inovadora com ingredientes locais, até aqui bem avaliado. E se a opção for uma cerveja artesanal, há a Chachingo, do enólogo da El Enemigo, Alejandro Vigil.

Passeios

Na cidade, um bonito passeio ou local para corrida é o Parque San Martin, que tem um pequena pista em volta de um lago, muito bonito.

Termas de Cacheuta

A cerca de meia hora do Centro, tem esse local, que era um antigo hotel no início do século passado, destruído por uma inundação. Hoje há um conjunto de piscinas térmicas de água natural e sauna cavada na rocha, piscinas, na beira de um rio, ótimo para relaxar. Com restaurante self service bom e barato.

Ruta 7 e Aconcágua

Indo para o sul pela Ruta 40, a cerca de 30 minutos da cidade de Mendoza começa a Ruta 7, que sai à direita em direção aos Andes. Além das vinícolas mencionadas acima (Lujan de Cuyo), há a possibilidade de fazer rafting no Rio Mendoza. A Ruta 7 passa pelo reservatório de água da cidade e a estrada vai margeando o Rio Mendoza, com muitos túneis na rocha, muito bonita. Há uma trilha inca que segue durante boa parte da estrada (visível no morro à direita) e há algumas ruínas incas no percurso.

Antes de se chegar ao parque do Aconcágua há a Ponte Inca (ponte natural de pedra) e o cemitério do Aconcágua (pequeno, mas importante para sentir o clima) com vários alpinistas que faleceram na escalada ou quiseram ser enterrados lá. Na entrada do parque, dá para comprar ingresso e fazer uma pequena caminhada até a “Ponte do Brad Pitt”, construída para o filme Sete Anos no Tibete, que teve filmagens lá. Há a visão do Aconcágua ao fundo, a montanha mais alta do mundo fora do Himalaia. Passam alpinistas caminhando para a montanha e tropas de mulas voltando sem guia para o acampamento base! A entrada do parque fica já a 3 mil metros de altitude (mais alto que a montanha mais alta do Brasil), já que o Aconcágua tem 6.961 metros de altura.

No mais há como fazer passeios a cavalo na montanha, pesca de truta e outros esportes de aventura.

Transporte do vinho

Para quem não possui malas para vinho, uma dica importante é comprar (há em algumas vinícolas) caixas de papelão com isopor dentro com encaixe para as garrafas. Daí pode despachar no avião, não quebra de jeito nenhum e custa barato. Colocar na mala, mesmo bem embrulhado, em geral dá problema. 

Quanto à quantidade de vinhos que se pode trazer é necessário planejar levando em conta três variáveis:

– Quantidade: na alfândega no Brasil é permitido ingressar com 12 litros por pessoa adulta ou 16 garrafas de 750 ml (a normal). 

– Peso: também é necessário levar em conta a questão do peso permitido pela companhia aérea (1 ou 2 x 23 kg por pessoa em geral), para não pagar sobrepeso. É possível levar até 5 garrafas como bagagem de mão, mas essas vão se somar às despachadas na quantidade permitida na alfândega. Uma garrafa de vinho de 750 ml pesa em torno de 1,3 kg, mas há garrafas de vinhos mais nobres que são mais espessas e portanto mais pesadas. Já a garrafa Magnum de 1,5 l pesa em torno de 2,3 kg.

– Valor: em 2022 o limite de valor máximo permitido passou de US$ 500 para US$ 1000 dólares por pessoa na chegada. Convém guardar as notas de compra pois recentemente (jul/22) tivemos amigos retidos na alfândega sem as notas, tendo que comprovar o valor das garrafas uma a uma por meio do Vivino. 

E como dizem os locais, “que lo desfrute”!!

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